Lendo um post do jornalista Jorge Antonio Barros em seu blog, deparei-me com a informação sobre uma reunião entre o secretário de segurança sr. José Mariano Beltrame e moradores/comerciantes da Barra da Tijuca.
Na reunião quando indagado sobre o fim da morte de inocentes durante as operações policiais o secretário, segundo a nota, afirmou:
"- Acho muito difícil. Independentemente do número, vamos continuar trabalhando dessa forma. É complexo. Se eu sei que tem um criminoso com 15 mil cartuchos na Vila Cruzeiro como eu ir ali pinçar isso é que é complexo. Não vou ficar assistindo isso - afirmou o secretário, que foi imediatamente ovacionado pela platéia, formada em grande por moradores e comerciantes da Barra da Tijuca."
Bem, o que pensar então de tal afirmativa? Que temos um problema a ser resolvido e que se houver algum inocente morto durante a implementação, não devemos nos preocupar, pois é um dos efeitos colaterais aceitáveis, particularmente quando este inocente habitar um local inapropriado ou inadequado como uma favela ou comunidade carente qualquer.
Agora, se tal inocente for um de nossos bem criados filhos, aceitaremos de bom grado tal sacrificio e aplaudiremos o secretário? E se o efeito colateral ocorrer em um dos belos condomínios da região onde houve a tal reunião, irão seus moradores achar plausível?
Seguimos tratando nossos problemas de forma sectária e sem o compromisso com a sociedade, pois os que habitam as comunidades onde mais morrem inocentes, queiram ou não, fazem parte da sociedade e são em sua imensa maioria pessoas de honra e do bem. Portanto, é preciso que o Estado vá lá e de forma eficiente retire os poucos ladrões, traficantes e outros facínoras existentes para dar paz, inclusive aos moradores destas regiões conflagradas e não apenas a nós.
Foi aceitando como menor a perda de terceiros que a humanidade criou campos de concentração, limpezas étnicas, apartheids, escravidão e outras aberrações, sem que conseguisse ir a lugar algum.
Viver na paz e buscar a paz se faz com inteligência, educação, responsabilidade, respeito ao ser humano, muito, muito querer e a radical negação da morte, principalmente de inocentes, como algo aceitável.
Para quem desejar ler todo o conteúdo do post citado, clique no link abaixo.
http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/reporterdecrime/posts/2009/11/16/beltrame-admite-que-nao-tera-como-cobrar-metas-para-homicidios-240798.asp