domingo, 24 de julho de 2011

Trecho de Crônica de João Ubaldo Ribeiro

" E os parlamentares, se não são todos ladrões em sentido amplo, são beneficiários impudentes de uma abundância obscena de privilégios, a começar pelo imoralíssimo foro especial, que os põe numa acintosa classe acima dos governados, a quem não prestam satisfações e cuja vontade ignoram, se não coincide com seus interesses. Há sentido nas miríades de "ajudas", nos fantásticos seguros de saúde, nas generosíssimas viagens e em tudo mais de que desfrutam para mal e pouco trabalhar, isto quando trabalham? Os estrangeiros têm dificuldade em compreender como uma sociedade aceita esse deboche deslavado, que ainda lhe é impingido com arrogância e ostentação de poder. Não acho de todo descabida a semelhança que vejo entre esses privilégios e os da corte de Luís XIV, na França do século 18. De fato, como já disse aqui, o Estado entre nós não é o rei, que não temos; mas o Estado entre nós é dos governantes e a soberania é deles, respeitados os donos da economia.
No serviço público, a falta de compostura e o nepotismo, embora hoje disfarçado pelos intrincados laços familiares dos brasileiros, são a regra. O que é público não é de ninguém, começando pelo material de escritório levado para casa e terminando pelos cartões corporativos. Ocupantes de cargos públicos de relevância se associam secretamente a empresas de "consultoria" e assim ganham fortunas, fazendo na verdade advocacia administrativa e tráfico de influência. Egressos do serviço público caem na mesma prática, pois o serviço público aqui não é para o público, mas para quem o presta, ou alega prestar. O serviço público é uma oportunidade para "se fazer". Comportam-se assim até os menos rapineiros, que se contentam em "colocar" um filho aqui ou acolá, ou bem encaminhar seu futuro depois da política, apesar de já bastante acolchoado por aposentadorias magnânimas e benesses liberais."

Antes de nos preocuparmos com marcha da maconha, antes de valorizar estilos de vida absolutamente arriscados como o da Ame Winehouse, devemos nos indignar com esta real falta de liberdade e de progresso social que nos assola desde tempos imemoriais.
Um abraço.

Começaria Tudo Outra Vez

Composição: Gonzaguinha

Começaria tudo outra vez
Se preciso fosse, meu amor
A chama em meu peito
Ainda queima, saiba!
Nada foi em vão...

A cuba-libre dá coragem
Em minhas mãos
A dama de lilás
Me machucando o coração
Na sêde de sentir
Seu corpo inteiro
Coladinho ao meu...

E então eu cantaria
A noite inteira
Como já cantei, cantarei
As coisas todas que já tive
Tenho e sei, um dia terei...

A fé no que virá
E a alegria de poder
Olhar prá trás
E ver que voltaria com você
De novo, viver
Nesse imenso salão...

Ao som desse bolero
Vida, vamo nós
E não estamos sós
Veja meu bem
A orquestra nos espera
Por favor!
Mais uma vez, recomeçar...

sábado, 16 de julho de 2011

Poesia: Pablo Neruda

É Proibido

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual

sábado, 9 de julho de 2011

Gol e WebJet

A compra da WebJet pela Gol, não nos tras nenhuma vantagem e digo isto baseado em algumas experiências.
Quando a Avianca passou a voar na ponte aérea oferecendo mais conforto com um preço menor ou igual, a Gol logo abandonou suas patéticas barrinhas e passou a servir um sanduiche quente, coisa que não acontece, por exemplo, nos seus voos para Curitiba onde temos direito apenas a um biscoitinho e ponto.
A falta de concorrência é tão maléfica para nós, que ao voltar de Curitiba, pela Gol,  em um domingo do mês passado, eu e todos os passageiros do voo tivemos de ficar 1 hora aguardando a liberação de nossas bagagens junto à esteira do Galeão (o voo durou 1h e 5min), sem que ninguém se apresentasse para explicar o que acontecia e tentar uma solução. E o descaso é tamanho que até hoje não obtive qualquer retorno a indagação que fiz no site da empresa,  sobre o motivo da demora na liberação das bagagens.
Termos apenas duas grandes empresas, da forma como hoje somos atendidos e tratados em nossos aeroportos e aviões, não parece ser um bom negócio, para nós usuários.
Um abraço.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Você Sabe Com Quem Esta Falando?

Você sabe com quem esta falando? Quando lhe perguntarem isto,  você poderá saber após ver o vídeo abaixo.
Não deixe de ver para saber..

domingo, 3 de julho de 2011

Seleção Brasileira de Futebol

O jornalista e comentarista Milton Neves diz que o futebol é a mais importante das coisas menos importantes que existem, exceto é claro para os poucos que muito ganham com ele.
Alguém ainda duvida disto, depois do jogo de hoje a tarde pela Copa América?

João Ubaldo Ribeiro: Vida de Escritor

O texto abaixo é  parte da crônica publicada hoje por João Ubaldo Ribeiro no site do Jornal o Estado de São Paulo.
Vale a leitura inteira deste texto intitulado Vida de Escritor ( http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110703/not_imp739964,0.php ), mas até lá aproveitem esta parte muito interessante.


"O brasileiro que se meter a discutir problemas literários, digamos, universais não obterá a atenção de ninguém. Se aparecer um filósofo brasileiro, vão achar que é uma aberração. E isso acontece também em outras áreas. Balé brasileiro tem que basear-se em danças de origem africana ou indígena, com música percussiva e, se possível, gente pelada no palco. Para balé moderno brasileiro, torcem o nariz, assim como para qualquer manifestação de áreas vistas como ilegítimas para nós. E, sim, respondemos sempre a perguntas sobre identidade nacional - eles lá mudando de país e povo na mera travessia de uma rua e nós aqui, com bem mais território que a Europa ocidental e tudo quanto é tipo de gente misturada, falando a mesma língua e se considerando o mesmo povo. Muitos não se conformam, saem resmungando das palestras e elaboram teorias complexas, mostrando cisões de todos os tipos no povo brasileiro, as quais não percebemos nem quando muito explicadas por eles.
Os escritores africanos partilham conosco certos problemas. Talvez ainda em maior escala do que nós, são rotulados simplesmente de "literatura africana". Tenho vários amigos em vários países africanos, que não aguentam mais serem escritores africanos, metidos no mesmo barco que todos os originários de nações negras. A identidade de uma nação como essas não é vista por sua história, sua língua, sua religião, seus costumes, sua cultura, enfim, mas, sim, através da estéril, pobre e equivocada ótica racial - são todos negros, logo são iguais, onde haver mais igualdade do que nisso?"

Um abraço.

sábado, 2 de julho de 2011

Itamar Franco

Lamento a morte do ex Presidente e Senador Itamar Franco de quem não era amigo ou sequer conhecido, apenas ouvi o que quase todos ouviram na mídia ao longo de sua carreira política.
Ocorre que sobre ele tenho duas grandes lembranças que são bastante emblemáticas do sujeito que ele pode ter sido:
  1 - Foi ele o Presidente, que após a  saída de Collor, nomeou Fernando Henrique Cardoso ministro da Fazenda e autorizou e bancou o plano real, que foi a base para chegarmos aos dias de hoje com a nossa tão necessária estabilidade econômica. Portanto, o pai do Real não é FHC ou qualquer outro, é sim, Itamar Franco, que coerentemente e corajosamente concordou e avalizou todo o processo inicial do plano, sem que eu jamais o tenha visto ou ouvido se vangloriar disto;
 2 - Em uma época em que o falecido senador Antonio Carlos Magalhães vivia de ameaçar seus adversários com dossiês sobre irregularidades diversas, Itamar Franco, então ameaçado, marcou uma reunião com ACM para que este lhe mostrasse os dossiês tão reveladores. Ocorre que para surpresa de todos, a reunião foi feita com a presença da imprensa e o que se viu foi um ACM desconcertado, com uma pilha de papéis, que pelo que sei, nada continham. 
Um abraço.