domingo, 11 de abril de 2010

Chuva II

O texto abaixo foi publicado no site do jornal O Dia, em 11/04/2010.

Moacyr Goes: O Brasil da TV e o real
Diretor de teatro de cineasta
Rio - Se o governo do estado gasta 180 milhões de reais, em um ano, com propaganda, não pode estar faltando dinheiro para infra-estrutura. Então, tem razão o governador Sérgio Cabral quando responsabiliza pela tragédia a população que constrói em encostas e a chuva desmedida.

Na TV, passam os comerciais do PAC, peça de ficção do “somando forças”. Na vida real, ficamos sabendo que o Ministério Feudal de Integração, de Geddel Vieira Lima, mandou 65% do orçamento para seu curral, a Bahia, ficando o Rio com minguado percentual para prevenção de catástrofes. Existe o Brasil real e o da ficção, dos projetos bilionários, dos comerciais.

É muito triste escrever sobre isso em meio à dor das pessoas atingidas, mas vamos de tragédia em tragédia lamentando o que não foi feito. O Brasil anda sem GPS, sem plano e sem memória, ao sabor das estratégias para manutenção do poder. Vemos o prefeito do Rio, Eduardo Paes, dar nota zero à sua administração como se estivesse em campanha de oposição e o de Niterói, Jorge Roberto Silveira, confessar que sabia que famílias moravam sobre um lixão e nada fez para retirá-las. E tudo fica por assim dizer. Há sempre três culpados: Deus, ou a natureza; as administrações passadas ou a herança maldita; e a população ou os que levam suas famílias à áreas de risco, como se estúpidos fossem. Infelizmente, outras calamidades virão, é forçoso dizer.

Assim como projetos irresponsáveis ou descabidos. Três exemplos, apenas? O Maracanã receberá quase 600 milhões de reais para outra reforma, a lei do Peu de Vargens liberou edificações em terrenos alagados e o trem-bala custará o equivalente a 400 quilômetros de metrô no Rio e em São Paulo.

Mas é bom não falar em metrô agora, outra calamidade. O Brasil é imenso e rico, mas não inesgotável.

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