segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Poema Enjoadinho

Filhos...Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como o queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filho? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

Vinícius de Moraes



domingo, 26 de dezembro de 2010

Cyber segurança.

Uma mudança no comportamento dos programadores de vírus vem chamando a atenção dos usuários e especialistas em segurança digital.
Eles avaliam que hoje o grande objetivo dos hackers não é mais danificar equipamentos e sim roubar informações e para isto passaram a invadir os sistemas de forma silenciosa. Outra caracteristica apontada é o grau de sofisticação atingido que sugere a entrada de grupos organizados e com dinheiro nesta atividade perniciosa.
Portanto, cuidado com e-mails estranhos ou incomuns e com visitas em sites desconhecidos, regras básicas, mas indispensáveis.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Além da Imaginação!!!!!

Quando crianças sempre vimos um desenho ou outro mostrando avanços da ciência como o tele transporte, capas de invisibilidade, transmissões holográficas e tantas outras coisas.
O bom é que este passado vem se materializando aos poucos nos diversos laboratórios de física pelo mundo afora.
O Instituto de Física Britânico, através da seção Physicsworld, listou os 10 maiores descobrimentos do ano de 2010 e dentre eles destaco a capa da invisibilidade descoberta por cientistas dos Estados Unidos, Singapura, Reino Unido e Dinamarca, que conseguiram ocultar objetos milimétricos bi e tri dimensionais; o aprimoramento da transmissão de imagem holográfica de três dimensões e em tempo real, desenvolvida por cientistas do Arizona; o laser acústico que é capaz de penetrar em muitos materiais podendo gerar imagens tri dimensionais de suas estruturas e o funcionamento efetivo do acelerador de particulas LHC - Large Hadron Collider ( Grande Colisor Hádrons), situado entre a França e a Suiça.
Para maiores detalhes siga o link abaixo.

www.iop.org

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Que País é este?

Bom dia!!
O Brasil é atualmente foco de tanto interesse, que nas universidades americanas aumentou em 11% o número de estudantes de português.
Várias são as possibilidades para tal interesse e vão desde os futuros negócios gerados pela copa e olimpíadas até por curiosidade cultural devido ao "surgimento" do País no cenário mundial.
Um abraço.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Música

BBKing, 84 anos de muito talento para todos nós.
Aproveitem ouçam e vejam o clip deste músico fantástico.


Afinal será o futuro?

Ouvi de um economista da FGV que 49% do PIB brasileiro era crédito, isto significa que o nosso consumo/crescimento é fortemente baseado em empréstimos de todo tipo.
Isto isoladamente aponta para um problema, mas o mesmo economista ressalta que parte deste montante esta fortemente aplicado em educação, casa própria e outros consumos de longo prazo e que resultarão em melhoria da condição de vida das pessoas, além de contribuirem positivamente para contrabalancear a nossa baixa poupança interna.
Será este um caminho para o nosso futuro? Creio que sim, mas ele não virá apenas com este tipo de situação, temos de melhorar muito nosso acesso a justiça que segue lenta e defasada em muitos aspectos, temos de aumentar a qualiadae da informaçào que recebemos no dia a dia, temos de aprender a reivindicar o que é ético e não apenas o que nos benificia diretamente, temos de ter acesso a saúde de qualidade como um bem inalienável do ser humano e não como um favor sem conforto, qualidade e dignidade e temos, temos, temos..... Ou seja, é preciso muito trabalho e querer para chegarmos ao futuro idealizado e, para chegarmos bem perto disto, é imperioso aprofundar o acesso a educação, mas não apenas a educação que leva o menino(a) a escola, esta não basta, deve ser a educação que empolga, estimula, muda e nos faz mais humanos e sociais.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Escola

Recentemente tomei conhecimento de uma experiência no campo educacional que está em curso no estado de Pernambuco, são as escolas charter.
Neste modelo, é feito uma parceria entre o Estado e a iniciativa privada, sendo acordado melhorias a serem atingidas que visam o aumento da qualidade do ensino oferecido e do desempenho dos alunos.
O modelo nasceu nos Estados Unidos e vem sendo adotado por países como Nicarágua, Peru, França, Japão e Reino Unido, traz vantagens como a diminuição da burocracia para se manter ou contratar professores e colaboradores, além de maior flexibilidade curricular, permitindo o acréscimo de matérias com maior agilidade, favorecendo a um ensino mais ágil e conteporâneo.
É uma idéia interessante pois a escola se mantém pública para a população, na maior parte dos casos o ingresso é por sorteio, não dispensa a participação do Estado como regulador, pede a participação da socedade organizada para controle e obtenção dos resultados e permite que novas idéias possam proliferar neste campo tão importante para todos nós.
Para mais informações, leiam o reltório sobre a experiência pernambucana no link abaixo.
Um abraço.

http://www.catracalivre.folha.uol.com.br/2010/12/modelos-de-escola-charter/
Bom dia!

O Google segue inovando e cada vez mais presente em nosso dia a dia.
A última novidade é um programa que permite passear pelo corpo humano, visualizando suas estruturas internas nos mínimos detalhes. Porém para se utilizar o programa é preciso ter instalado o navegador Chrome ou nos beta Chrome 9 e Firefox 4, o progroma não roda no Internet Explorer.
Vejam o vídeo de apresentação abaixo.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mais Poesia!

ANINHA E SUAS PEDRAS
Cora Coralina


Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.

E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Crianças??

Ontem, li na revista que sai aos domingos junto com o jornal O Globo, uma matéria que expunha o novo meio de se comemorar aniversários infantis: andando de limusine e bebendo guaraná como se fosse champangne.
Não sou educador ou psicólogo, mas que tipo de ser humano estamos preparando para o futuro da nossa civilização? Serão felizes estes adultos moldados pelo consumo e luxo, desvinculados do mundo real? Senhores pais, estas são necessidades suas ou de seuas filhos?
Ainda trago comigo, as lembranças de um bom banho de mangueira no quintal em dias quentes como o de ontem e da alegria que isto causava.
Adultos não massacrem suas crianças em nome do consumo e da alegria que se compra na TV.

sábado, 6 de novembro de 2010

Um pouco de poesia

O Vento na Ilha (Pablo Neruda)

Vento é um cavalo:
ouve como ele corre
pelo mar, pelo céu.
Quer me levar: escuta
como ele corre o mundo
para levar-me longe.
Esconde-me em teus braços
por esta noite erma,
enquanto a chuva rompe
contra o mar e a terra
sua boca inumerável.
Escuta como o vento
me chama galopando
para levar-me longe.
Como tua fronte na minha,
tua boca em minha boca,
atados nossos corpos
ao amor que nos queima,
deixa que o vento passe
sem que possa levar-me.
Deixa que o vento corra
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopando na sombra,
enquanto eu, protegido
sob teus grandes olhos,
por esta noite só
descansarei, meu amor.


Bom fim de semana para todos!!!

Para Pensar

Faz alguns dias postei minhas impressões sobre a eleição da presidenta Dilma Rousseff. Pouco depois veio a tona a informação sobre as manifestações xenófobas publicadas em diversos sites de relacionamento.
Sobre tais manifestações só cabe o mais contundente repúdio. Mas cabe também a leitura da entrevista do antropólogo Marco Antonio da Silva Mello, coordenador do laboratório de Etnografia Metropolitana da UFRJ. A entrevista que reproduzo abaixo foi publicada hoje no site do Jornal do Brasil em:
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2010/11/06/antropologo-ataque-a-nordeste-e-desqualificacao-do-voto-do-pobre/ .
Vale muito a pena ler.

Confira a entrevista.

JB - Essas manifestações de discriminação a nordestinos, difundidas na internet, na opinião do senhor, têm raízes no racismo? A questão da desigualdade econômica é uma forma de deixar velada uma espécie de preconceito étnico?

Marco Antônio Mello - Acho que estamos falando de coisas muito diferentes. Uma coisa é preconceito. Outra coisa é racismo. Outra coisa é preconceito étnico e outra coisa são os etnocentrismos que marcam toda formação social, como não poderia deixar de ser, também a brasileira.

Outra coisa são as rivalidades regionais. Isso alimenta toda imaginação sociopolítica brasileira e alimenta também a literatura. E uma das formas de se ter acesso a isso é exatamente através das piadas, dos personagens nos programas humorísticos, na literatura. Você tem alguns, inclusive, que viraram paradigma.

A ideia do caipira, da pessoa que não tem civilidade, que não sabe se orientar na cidade e que, nos livros de geografia, até os anos 70 - livros de titulares da USP -, essa população rural é classificada, como se dizia também, de rústica e essa população, tanto faz do Norte, do Nordeste, do Brasil central, pouco importa, é uma população que se opõe à população do litoral.

Então, você tem uma oposição na imaginação sociopolítica brasileira que, desde sempre, contrapõe o litoral ao sertão. O texto clássico dessa oposição é o Os Sertões, de Euclides da Cunha. Mas em relação exatamente a esse tipo de literatura, você tem uma série de outros que vão se desdobrando ao longo das primeiras décadas do século XX.

Eu não diria que isso é uma manifestação de racismo. Aliás, as pessoas veem racismo em tudo que é lugar, por ignorância. Essas rivalidades existem. Eu diria que são rivalidades cultivadas e os personagens encarnam esses tipos. Tradicionalmente, você tem uma oposição anterior a essa em relação ao Nordeste, que era a entre Norte e Sul. Nordeste só vai existir no Brasil a partir dos anos 20. O que se tinha era nortista e sulista.

Outra coisa são os estereótipos nacionais. Eles também estão presentes nesse debate, sobretudo no anonimato do Twitter, dos blogs, no anonimato que essa rede virtual produz. Você tem várias discussões que se dão nessa rede virtual e que jamais se dariam face a face.

Toda sociedade tem estereotipos. É impossível uma sociedade sem estereótipo, porque ele é uma redução da complexidade do mundo. Eu me relaciono, você se relaciona com pessoas que são simpáticas, gordas, magras, boas, perversas, gentis, inteligentes, cultas, civilizadas, polidas...

Esses estereótipos não carecem, necessariamente, de uma referência no mundo real. É verdade que você tem uma oposição entre Sudeste e Nordeste do ponto de vista do acesso aos recursos econômicos. Chegou a se falar, inclusive, num passado não tão distante assim, de uma espécie de colonialismo interno, na medida em que os recursos produzidos na Região Nordeste vinham para o Sudeste e não retornavam para o Nordeste.

Acho que, na atual conjuntura, ou seja, numa eleição como essa que acabamos de enfrentar, era muito esperado que isso tudo aparecesse e florescesse, sublinhando, com mais ou menos rigor caricatural, essa oposição. De qualquer maneira, nós estamos vendo, e não é nenhuma novidade na vida política brasileira, um peso dado a um polo da população - estou falando de demografia - e, por sua vez, essa população expressa uma espécie de questão mais ampla que estrutura a sociedade brasileira. Realmente, essa rivalidade entre São Paulo, por exemplo, e o Nordeste é grave.

Estou chamando a atenção que uma coisa são os estereótipos nacionais, outra são preconceitos, ou seja, pré-noções desenvolvidas através desses estereótipos; outra coisa são rivalidades regionais cultivadas.

JB - O senhor acha que nessa situação específica há esses três elementos?

Isso mesmo, mas não tem nada a ver com racismo. Eu, como antropólogo, não posso concordar com isso. São coisas muito diferentes e que têm consequências muito diferentes.

JB - O senhor falou de estereótipos. Há quem atribua aos nordestinos a vitória de Dilma Rousseff, embora os números refutem esse argumento. A crítica é que a petista conseguiu votos graças ao Bolsa Família, chamado pejorativamente de "bolsa esmola". Está aí implícia a ideia de que o povo nordestino é preguiçoso, não quer trabalhar, mas ser "sustentado pelo Sudeste". O que, na avaliação do senhor, é a matriz dessa ideia?

Não há a menor dúvida que o Nordeste concentrou uma massa muito grande de votos favoráveis à candidata do partido governo, mas ela ganhou também em muitos outros estados. Isso é uma representação para dizer que os votos dados a Dilma são votos de pessoas ignorantes, fanáticas em matéria de política e, inclusive, em matéria de vida religiosa e avessas às mudanças e ao progresso.

Tudo isso que acabei de dizer está publicado em um livro de geografia, de um titular da USP, chamado Delgado de Carvalho. Esses estereótipos vêm desde o século XIX, aparecendo nos livros didáticos e as reedições não apresentam revisões críticas, com notas sobre como era o quadro do pensamento social da época. O problema todo é que você tem também no século XIX, uma discussão que vem pelo século XX, que é a ideia de que se há uma ecologia que produz mentes apequenadas. O deserto, a caatinga, o sertão.



JB - Então, essas manifestações de discriminação veem de longa data, partem do mesmo princípio?

É o mesmo princípio e que atravessa nossa imaginação. Nós, brasileiros, quando olhamos para nosso próprio País, querendo ou não, essas imagens estão presentes. É preciso trabalhar sobre elas, que é o que você está fazendo. Refletir sobre uma proliferação de acusações, em que se atribui o fato de ter perdido as eleições a um agente desagregador, portador do infortúnio, que são os "miseráveis do Nordeste", incapazes de refletirem. Acho que é isso que estão querendo dizer.

Então, era mais do que esperado. Você imagina o que os nordestinos achavam também da política café-com-leite, das alianças entre São Paulo e Minas Gerais? Houve o mesmo tipo de problema em relação aos políticos do Rio Grande do Sul. Eles apareciam como caudilhos, como populistas, como pessoas capazes de alienar as massas. É a mesma coisa.

Evidentemente, Bolsa Família não é "bolsa esmola". Não há sociedade que possa se defrontar com questões da pobreza e de dificuldades de acesso de recurso que não promova políticas compensatórias ou recursos dessa natureza. Também não há novidade nenhuma. A minha colega, a professora falecida Ruth Cardoso, também incrementou um projeto dessa natureza.

JB - Então, o senhor considera também que se trata de uma tentativa de desqualificar o voto dos mais pobres?

Lógico. Esse é o ponto fundamental. Numa sociedade que era escravocrata até bem pouco tempo atrás, marcada por hierarquias, numa sociedade em que não há menor escrúpulo em se perguntar " Você sabe com quem está falando?" Realmente, querem desqualificar o voto do pobre. Se pudessem, impediam quem não tem diploma na Sorbone de votar.

O caso do Tiririca é um caso assim. Não estou discutindo o mérito se ele é ou não alfabetizado. De repente, isso aparece como uma questão fundamental e, por trás dessa questão, o problema de como os miseráveis são capazes de votar se não sabem escolher.

Para você ver como é um pensamento que atravessa várias áreas. O Ministério Público chama essas pessoas, por exemplo, em certas circunstâncias, de hipossuficientes. Então, elas têm que ser administradas pelo Estado. O MP aparece com uma coisa maravilhosa, genial, que está defendendo os interesses dos hipossuficientes. Na verdade, o que se está dizendo é que são incapazes de dizer o que querem.

Você tem isso o tempo todo, a ideia que os pobres dão o voto da fome, do estômago, não têm consciência, não são capazes de escolher e discernir, como se essa decisão nas classes altas fosse sempre racional, não ocorresse porque o presidente é bonito, porque a mulher é maravilhosa, porque ele fala português corretamente. Entendeu?

A mídia, melhor dizendo, os media, têm uma importância muito grande em relação a isso. Tanto para um lado quanto para o outro. Acho que essa campanha, se teve algo de novidade, foi a proliferação dessa rede virtual e que chegou a ser enfadonha.

De qualquer maneira, esse esforço é um esforço para desqualificação dos pobres, ou seja, uma desqualificação inócua do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo dele foi o governo republicano que mais recursos destinou às universidades públicas brasileiras e à ciência e a tecnologia. Estou dizendo como pesquisador. É uma constatação.Essa desqualificação é, na verdade, uma desqualificação desse fenômeno da vida política internacional.

JB - Voltando para as manifestações de discriminação contra nordestinos. Como o senhor avalia demonstrações aparentemente de ódio? Algumas declarações foram muito contundentes.

Tem umas que você até pode identificar como manifestações odiosas. Outras são estereótipos mesmo. "Tem que matar todo mundo, jogar todo mundo no buraco mesmo". Você pode ser advertido sobre esse modo de falar, mas não necessariamente quem usa esse tipo de expressão quer, efetivamente, destruir todo mundo. Aliás, o presidente também disse que tinha que acabar com umpartido político.

JB - Mas o senhor não vê aí uma ideia implícita de que há uma "raça" superior, algo como "somos melhores"?

Não, não acho. É claro que você pode até desenvolver uma coisa assim, mas não se trata disso. Não diria, analiticamente, que o modo mais inteligente de tratar essa discussão seja através de racismo.

Eu citei o termo, até porque na interpretação da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Pernambuco, a estudante de Direito Mayara Petrusco - apontada como uma das responsáveis por desencadear as manifestações contra nordestinos -, havia praticado crime de racismo.

A legislação brasileira é rica nesses dispositivos. Sai aplicando pra tudo que é lado. Falamos de população e sociedade. Agora estamos falando de um arcabouço político-jurídico que, frequentemente, não tem nada a ver com a sociedade. Esse é o problema.

É por isso que uma comissão do Ministério da Educação quis censurar um livro de Monteiro Lobato ou fazer nota de pé de página. Se um país é incapaz de entender o que é um momento da literatura e o que é a reprodução do racismo, realmente temos que fechar as escolas todas.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Eleição 2010

A eleição de Dilma Roussef, traz a possibilidade de várias reflexões, sobre os fenômenos sociais, políticos e econômicos que envolveram este momento singular de nossa história.
Certamente não tenho a pretensão de analisar estes pontos, mas me permito algumas opiniões, são elas:
- O presidente Lula é um ser político como nunca se viu, governar como governou, durante 8 anos, sendo caçado, sendo traído, deixando talvez de ver o que deveria ser visto e ainda assim sair fazendo sua sucessora, é extraordinário.
- Sair com 83% de aprovação, não é, como afirmam seus detratores, algo para quem errou tudo e nada fez ao longo de todo um mandato ou para quem apenas deu continuidade a um projeto anterior.
- O Brasil, apesar do muito que precisa ser feito, não é o mesmo de dez anos atrás, evoluiu, cresceu e possui concretas chances de continuar crescendo e a eleição da presidenta Dilma é uma parte deste amadurecimento, independente do resultado futuro de seu governo.
- Contudo, este amadurecimento não significa o fim do preconceito, da visão estreita que prefere negar a ter o trabalho de avaliar, da prática de desqualificar para justificar, da mesquinha retórica do primeiro eu, depois ..., problema de vocês.
- O governo Lula foi responsável sim, pela saída de milhões da miséria, pela saída de milhões da pobreza e isto contribuiu sim para a vitória de Dilma. Mas como poderia ser diferente?
- Avançamos, pois apesar do Ministro Gilmar Mendes, a lei da Ficha Limpa foi aplicada e muitos fichas sujas já estão buscando outras formas de viver e está foi uma lei, para os esquecidos, desenvolvida com forte base popular.
- O Brasil ainda sofre com a famosa "Síndrome do Cachorro Vira Lata", onde um dos sintomas é não reconhecer em si suas próprias qualidades, isto cabe apenas aos outros. Digo isto pois ainda não esfriou a eleição e jornais, comentaristas, blogs e outros veículos de comunicação já estão a desqualificar a presidenta, afirmando que será um governo apoiado no Lula e com a volta certa de seu criador em 2014. Será que realmente não sabemos escolher uma pessoa com competência para governar nosso país, a tal ponto que a eleita irá precisar obrigatoriamente de um tutor?
- Esta eleição foi uma prova da visão turva que a oposição tem do Brasil. Apelar para o sectarismo religioso, ressuscitar grupos quase esquecidos como a TFP e outros é jogar poeira e atraso em nossas já tão complicadas vidas.
- A presidenta Dilma certamente ganhou com seus méritos, mas contou com a preciosa ajuda de seus adversários, verdadeiros trapalhões, que desde a escolha do candidato até a escolha do seu vice só se enrolaram. Quem pode conceber um vice imposto de forma tão grosseira como foi o caso do Índio da Costa? Estão lembrados?
- A ajuda da oposição pode ser medida, em parte, por uma declaração do ex presidente Fernando Henrique numa entrevista ao jornal Folha de São Paulo, onde diz que não dará mais aval para um partido que não sabe defender suas ações quando era governo. Dê fato, algumas privatizações foram vitais para o Brasil naquele momento, mas o PSDB nunca conseguiu argumentar ou defender isto de forma clara no passado muito menos agora nesta eleição, assim, desunião mais falta de convicção é igual a ponto para Lula e Dilma.
- A eleição foi decidida pela economia, não apenas pela adotada nos altos gabinetes, mas a baseada nos programas de distribuição de renda, que fez com que uma gama enorme de nordestinos, nortistas e outros tantos brasileiros pudesem dinamizar suas economias locais, gerando renda em seus municípios longínquos, mobilizando suas pequenas riquezas, tornando assim, suas vidas um pouco melhor. E não adianta dizer que foi por causa desta "esmola" que a Dilma ganhou, foi pela dinâmica que este repasse gerou no país como um todo e porque nos últimos anos este Brasil foi de fato visto.
- Fica claro também que ainda temos muito que caminhar na busca de relações mais honestas na gestão pública e na profissionalização dos serviços públicos.
- Fica evidente que precisamos sair apenas da meta de atingir o consumo como progresso, que devemos aprimorar nossas instituições, que precisamos aprofundar reformas na educação para que ela de fato qualifique e insira as pessoas na sociedade, que a saúde para todos deixe de ser um fato para poucos e que a impunidade deixe de ser uma possibilidade real e passe a ser um realidade distante.

Não me estenderei mais, estou satisfeito com o momento histórico que vivo, acredito na melhora e dou um crédito a futura presidenta, pela conquista que obteve e pelo passado que a apoia. Espero que sua tão falada austeridade seja devidamente utilizada para o bem deste país rico, de povo simples e nobre ao mesmo tempo.

Um abraço.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dois pesos e duas medidas

O texto abaixo foi publicado na edição do jornal Estadão, de 02/10, pela psicanalista Maria Rita Kehl. Sua cópia foi retirada do site da referida autora (http://www.mariaritakehl.psc.br/busca.php ) e segundo relatos e entrevista da mesma ao portal Terra, teria sido o motivador de sua demissão do jornal.
Vale a leitura, particularmente após o debate entre os candidatos, ontem, na TV Bandeirantes.


Dois pesos...

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apóia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela presidência da república. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da bolsa-família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés-de-chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela bolsa-família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido ,fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. 200 reais é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso Passava-se fome, na certa, como no assustador “Garapa”, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A bolsa família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da bolsa família, que apesar de modesta, reduziu de 12 para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem idéia do quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de 200 reais? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou este efeito de “acumulação primitiva de democracia”.

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas em seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do país. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do país, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática , parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Um pouco de História

O texto abaixo foi retirado do blog Alma Lavada, da jornalista Fernanda Dannermann (http://www.jblog.com.br/almalavada.php?itemid=23467 ), vale a leitura.
Bom proveito e uma boa semana para todos.


Um beijo para a Imperatriz Dona Leopoldina
06/09/2010 - 22:00 Enviado por: FDannemann

Passei o dia com a vassoura na mão, a pleno vapor na faxina: Juliene, minha ajudante nos assuntos domésticos, andou com problemas pessoais. Mas o que achei graça foi quando o rapaz que limpa os vidros de casa chegou e, ao me ver de faxineira, questionou, surpreso:

-- A senhora consegue?!

Foi tiro e queda: meu pensamento se deteve no “consegue” e acabei divagando sobre os “grandes” desafios da mulher. Para muitas, sei que é preferível pagar o Tom Cruise para a “missão impossível” de limpar a casa ou fazer o almoço.

Mas com a proximidade do 7 de setembro, uma coisa se juntou à outra e me lembrei de uma das minhas maiores heroínas, a Dona Leopoldina, que conseguiu a liberdade do Brasil mas, infelizmente, não foi valorizada dentro de casa. E, tempos depois, caiu no esquecimento do próprio povo que ajudou a emancipar.

Quase 200 anos a separam de suas iguais de hoje, e vejo que os maiores desafios da mulher pouco mudaram neste meio-tempo: reconhecimento e valorização.

Temos por “Rainha do Brasil” a dona Carlota Joaquina... a espanhola que odiava este país e que, ao voltar para a Europa, deixou para trás até os sapatos, porque “desta terra não queria nem a poeira”. Para mim, a verdadeira rainha do Brasil foi a Imperatriz Leopoldina, que saiu da Áustria para tornar-se brasileira de coração e fé.

Como é comum acontecer com esposas de homens importantes, Dona Leopoldina acabou relegada às sombras, ainda que tenha sido ela a verdadeira responsável pela Independência __quando, na condição de regente, assinou o decreto que separava o Brasil de Portugal e, então, avisou ao marido com uma carta.

Cinco dias depois da tal assinatura, Dom Pedro recebeu sua mensagem, às margens do Ipiranga e, diante disso, fazer o quê? Teve que proclamar.

Descrita como culta e ótima caçadora, Dona Leopoldina, pertencendo a uma das mais tradicionais dinastias européias, a Casa de Habsburgo, foi preparada para reinar: chegou a surpreender até mesmo o sogro, que, segundo consta, entre uma e outra coxa de galinha, reconheceu sua superioridade diante de Dom Pedro. Lamentavelmente não era feliz no casamento: o marido, assumido mal-educado, tinha um coração aventureiro e preferia um tipo bem diferente de mulher.

A figura quase mítica de Domitila de Castro __a Marquesa de Santos__ popularizada na novela por Maitê Proença, entrou para a história como “verdadeiro amor de Dom Pedro”, esgarçando ainda mais a imagem de Dona Leopoldina e colocando-a até como “empecilho” pelos mais românticos.

Como me espanta a invisibilidade de nossa Imperatriz! Eu mesma sou uma prova disso: cresci achando Dom Pedro o máximo, com a idéia da gloriosa cena do grito “Independência ou morte!” lançado ao Ipiranga pelo herói nacional... da mesma maneira, muitíssimas pessoas nem desconfiam que, por trás do herói, estava Dona Leopoldina.

Mergulhada na depressão, ela morreu cedo e grávida. A causa de sua morte segue envolta em divergências, mas é bem conhecida a versão de que teria sido provocada por uma surra de pontapés dada pelo marido intempestivo justamente por causa da amante, e na presença desta, inclusive. Qualquer que seja a verdade, o fato é que morreu amada pelo povo e humilhada dentro de casa.

Enquanto faço minha faxina, penso em quantas mulheres sofrem este mesmo destino: desvalorização, desrespeito, esquecimento... então me lembro que, em poucas semanas, duas mulheres receberão votos do povo para chefiar esta nação. E, ao que parece, uma delas será eleita. De onde estiver, Dona Leopoldina há de se sentir orgulhosa do país que ajudou a construir, ainda que quase ninguém se lembre mais dela.



domingo, 29 de agosto de 2010

Vale a Pena Ler

Artigo do jornalista Élio Gaspari, publicado em sua coluna no jornal O Globo de hoje, 29/08/2010, vale a leitura.


Se dependesse do DEM, ProUni não existiria

ELIO GASPARI

Dilma disse a verdade quando acusou o ex-PFL de tentar destruir o programa no STF.
EM BENEFÍCIO DA QUALIDADE do debate eleitoral, é necessário que seja esclarecida uma troca de farpas entre Dilma Rousseff e José Serra durante o debate do UOL/Folha. Dilma atacou dizendo o seguinte: “O partido de seu vice entrou na Justiça para acabar com o ProUni. Se a Justiça aceitasse o pedido, como você explicaria essa atitude para 704 mil alunos que dependem do programa?”
Serra respondeu: “O DEM não entrou com processo para acabar com o ProUni. Foi uma questão de inconstitucionalidade, um aspecto”.
Em seguida, o deputado Rodrigo Maia, presidente do DEM, foi na jugular: “Essa informação que ela deu é falsa, mentirosa”.
Mentirosa foi a contradita. O ProUni foi criado pela medida provisória 213 no dia 10 de setembro de 2004. Duas semanas depois o PFL, pai do DEM, entrou no Supremo Tribunal Federal com uma ação direta de inconstitucionalidade contra a iniciativa, e ela tomou o nome de ADI 3314.
O ProUni transferiu para o MEC a seleção dos estudantes que devem receber bolsas de estudo em universidades privadas. Antes dele, elas usufruíam benefícios tributários e concediam gratuidades de acordo com regras abstrusas e preferências de cada instituição ou de seus donos.
Com o ProUni, a seleção dos bolsistas (1 para cada outros 9 alunos) passou a ser impessoal, seguindo critérios sociais (1,5 salário mínimo per capita de renda familiar, para os benefícios integrais), de acordo com o desempenho dos estudantes nas provas do Enem. Ninguém foi obrigado a aderir ao programa, só quem quisesse continuar isento de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, PIS e Cofins.
O DEM sustenta que são inconstitucionais a transferência da atribuição, o teto de renda familiar dos beneficiados, a fixação de normas de desempenho durante o curso, bem como as penas a que estariam sujeitas as faculdades que não cumprissem essas exigências.
A ADI do ex-PFL está no Supremo, na companhia de outras duas e todas já foram rebarbadas pelo relator do processo, o ministro Carlos Ayres Britto. Se ela vier a ser aceita pelo tribunal, bye bye ProUni.
Quando o PFL/DEM decidiu detonar a medida provisória 213, sabia o que estava fazendo. Sua petição, de 23 páginas, está até bem argumentada. O que não vale é tentar esconder o gesto às vésperas de eleição.
Em 1944, quando o presidente Franklin Roosevelt criou a GI Bill que, entre outras coisas, abria as universidades para os soldados que retornavam da guerra, houve políticos (poucos) e educadores (de peso) que combateram a iniciativa.
Todos tiveram a coragem de sustentar suas posições. Em dez anos, a GI Bill botou 2,2 milhões de jovens veteranos nas universidades, tornando-se uma das molas propulsoras de uma nova classe média americana.
O ProUni não criou as bolsas, ele apenas introduziu critérios de desempenho e de alcance social para a obtenção do incentivo. Desde 2004 o programa já formou 110 mil jovens, e há hoje outros 429 mil cursando universidades. Algum dia será possível comparar o efeito social e qualificador do ProUni na formação da nova classe média brasileira. Nessa ocasião, como hoje, o DEM ficará no lugar que escolheu.

Nota do blogueiro: O sr. Rodrigo Maia é o mesmo que faltou a votação em que se tentava retirar os royalties do petróleo do Rio. O que de mais importante um deputado do Rio poderia estar fazendo naquele dia??




segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Parece piada, mas é ridículo

Não dá para comentar muito.
A turma do CQC, representada pela repórter Mônica Iozzi, mostra o quanto podem ser tristes nossos congressistas, apesar de ridículos.
Entrem no site abaixo e tirem suas conclusões.
Não se esqueçam de que nós os elegemos, portanto, cuidado com seu voto.
Um abraço.


Acesse : http://www.youtube.com:80/watch?v=fmtbqu4VhDs

domingo, 1 de agosto de 2010

Bebida e Futebol.

Hoje, por volta das 17hs e 30min, em um supermercado da Tijuca, um grupo com cerca de 5 torcedores do jogo que se realizou no Maracanã, se preparava para ir ao estádio e ludibriar a proibição do consumo de bebida alcoólica dentro do mesmo e nos arredores.
Eles compraram uma garrafa de vodka e ali mesmo repartiram seu conteúdo entre outras garrafas de água mineral de 200 ml, isto depois de consumir algumas latinhas de cerveja.
O que não entendo é qual a relação entre assistir uma partida de futebol e a necessidade de se beber tanto? Não pode ser para ver melhor o jogo.
Me impressiona ver gente tão jovem, tão bem nutrida (eram grandes os camaradas), agir de forma tão imprópria para consigo mesmo, sem refletir sobre a necessidade do gesto e sua consequente falta de importância.
Beber deste jeito, certamente não é por e para o prazer, é talvez, para e por estar no vazio.

Ideias Próprias


Formular pensamento singular exige coragem para se distanciar da multidão

Rio - Um homem com ideias próprias e ideais está marcado pela solidão. Pode andar acompanhado, ter pessoas ao seu redor, ser admirado ou odiado, mas terá como companheira irremediável a solidão.

Formular um pensamento singular exige a coragem para se distanciar da multidão e dos fatos, ver na distância que permite um olhar crítico, analítico e por natureza, solitário. E se os ideais são de natureza generosa, a volta ao convívio com o mundo se faz inevitável.

É preciso mudá-lo acreditando que a ação individual é a forca motriz das transformações. Mas nunca se volta da mesma forma que se parte. Mudar sem perder aquilo que se constitui como valor fundamental, é o que cria coerência, retidão. Só os homens solitários são admiráveis, constituindo-se como referências. Seguir um homem eu entendo, é seguir uma ideia, mas uma multidão, é abjeto.

É o que me vem à cabeça sempre que vejo Gabeira andando pelos hospitais, trens, escolas e estradas. Munido de sua antiga ideia de mudar o mundo, ele vai, sem lenço e sem documento, caminhando contra o vento do pragmatismo e da sordidez da política. Um homem sem ambições de posses materiais, livre de acordos para usufruto pessoal. O Rio de Janeiro já tem do que se orgulhar nessas eleições.

Isso não é pouco, numa realidade impregnada de ações turvas e silêncios cúmplices. Tempos sombrios! Parei minha atividade de artista para ajudá-lo nesse momento. Depois da eleição, independente do resultado, que acredito vitorioso, volto pro meu canto. Sei que terei uma bela historia para contar aos meus filhos. História parecida com as que ouvi de meu pai.
escrito por Moacyr Goes.
Retirado do site do Jornal O DIA no link abaixo:

http://odia.terra.com.br/portal/conexaoleitor/html/2010/7/moacyr_goes_ideias_proprias_100102.html

sábado, 17 de julho de 2010

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar.


Cora Coralina

Ótimo fim de semana para todos

Café com charme

De 23 de julho à 01 de agosto, acontece mais uma edição do Festival Vale do Café.
O evento, em sua oitava edição, acontece em diversos municípios do Vale do Paraíba no Est. do Rio de Janeiro e reúne diversas atrações musicais, gastronômicas e teatrais valorizando e resgatando tradições locais.
Este ano devem se apresentar durante o festival músicos como Vitor Bilione, Léo Gandelmam, Turíbio Santos e outros.
Para maiores informações visite o site do evento em www.festivalvaledocafe.com .
Bom divertimento para todos.

Golfo do México

Apesar de satisfeito com a informação da parada do vazamento no Golfo do México, ainda sigo me perguntando se este acidente fosse na bacia de Campos qual seria a reação da imprensa internacional e nacional? Qual seria a reação dos governos mundiais?
Será que o fato do governo inglês ser um grande acionista da British Petroleum amenizou a reação das grandes potências?
Não sei, posso estar errado, mas se fosse aqui e com a Petrobrás o barulho seria enorme e as acusações diversas, principalmente agora no período eleitoral.
Fato é que depois deste triste episódio, só resta buscar as informações sobre o real motivo do acidente, para nos prevenirmos de outros, e tentar entender e avaliar as consequências reais para o meio ambiente local e mundial.
Um abraço.

sábado, 10 de julho de 2010

Poesia

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

Pablo Neruda

Bom fim de semana para todos!!!!!

Investimentos

A CEG, controlada pelo grupo espanhol Gás Natural Fenosa, em recente decisão, deve aumentar seus investimentos no Brasil. A empresa deve formar uma holding com a matriz espanhola e investir algo em torno de 1 bilhão de reais até 2014 em seus negócios - CEG, CEG Rio e Gás Natural São Paulo Sul - além de iniciar novos projetos no setor elétrico.
Um abraço.

Alimentação

Não é ser radical, mas temos de aprender a avaliar o nosso consumo de alimentos e o dos nossos filhos. As doenças relacionadas à alimentação seguem crescendo em grande parte por um consumo exagerado de produtos industrializados, que apresentados como solução para nossa falta de tempo e como um novo patamar de satisfação, escondem na verdade grandes armadilhas e muita ganância.
No link abaixo, apresento uma reportagem publicada no site do O Globo de hoje muito interessante e que vale a pena ser lida.
Leiam e tirem suas conclusões.
Um abraço.

www.oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2010/07/09/conheca-alguns-dos-segredos-da-industria-de-alimentos-guardados-sete-chaves-revelados-aqui-917107139.asp

domingo, 4 de julho de 2010

Frase

Frase de um garoto de 11 anos após ouvir uma conversa sobre o caso Bruno: "bom deveria ser o tempo onde quem ganhava dinheiro era quem pensava"
O pensamento, embora não totalmente correto, revela um pouco da realidade de nosso tempo onde tem pouco valor a ética, o caráter, a educação no trato com as pessoas, a capacidade de trabalhar para benificiar uma comunidade, revela um tempo onde só tem valor o que pode ser contado em moedas.
Estes personagens são velhos conhecidos da imprensa e de nossa sociedade, mas continuam a ser aplaudidos por fazerem a máquina moedora e rentável da mídia, do consumo sem motivo, da exposição sem limites, da vulgaridade, da violência assentida, do imediato e da desesperança seguir funcionando a pleno vapor, tornando uns poucos cada dia mais ricos.

sábado, 3 de julho de 2010

Fim de festa

Copa terminada, fim da locução do Galvão, fim do mal humor da imprensa com Dunga e do Dunga com eles. De volta a vida normal.
Que bom !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Confusão II

A escolha do vice do Serra é tão desencontrada que segundo a jornalista Lúcia Hipólito, em seus comentários semanais, o candidato Serra só teria encontrado o seu futuro vice uma única vez e que o grande beneficiado com a escolha foi Rodrigo Maia, que tirou um competidor direto da eleição carioca.
Um abraço

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Confusão

Toda a confusão criada pelo PSDB na escolha do vice que era para ser e não foi, pois o DEM ganhou no grito, mostra o como um partido de provincia é capaz de enfiar os pés pelas mãos, por não entender que o Brasil não é SP.
O maior problema do PSDB, a meu ver, é o fato de ter nascido e ser governado atualmente por um grupo de paulistas que se recusa a soltar o osso. Se assim não é, o que justifica a escolha de Serra em detrimento do Aécio? E depois dizem que o ignorante é o Lula.
A meu ver, quem ignorou uma boa chance foi o PSDB, que deixou o Aécio e abraçou o Serra e se manteve unido aos Democratas do PFL.
Um abraço

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Alma

Do livro Camões, sonetos para amar o amor.


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de te perder-te,

Roga a deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís Vaz de Camões

sábado, 17 de abril de 2010

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa.
O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.
Mario Quintana.

domingo, 11 de abril de 2010

Chuva II

O texto abaixo foi publicado no site do jornal O Dia, em 11/04/2010.

Moacyr Goes: O Brasil da TV e o real
Diretor de teatro de cineasta
Rio - Se o governo do estado gasta 180 milhões de reais, em um ano, com propaganda, não pode estar faltando dinheiro para infra-estrutura. Então, tem razão o governador Sérgio Cabral quando responsabiliza pela tragédia a população que constrói em encostas e a chuva desmedida.

Na TV, passam os comerciais do PAC, peça de ficção do “somando forças”. Na vida real, ficamos sabendo que o Ministério Feudal de Integração, de Geddel Vieira Lima, mandou 65% do orçamento para seu curral, a Bahia, ficando o Rio com minguado percentual para prevenção de catástrofes. Existe o Brasil real e o da ficção, dos projetos bilionários, dos comerciais.

É muito triste escrever sobre isso em meio à dor das pessoas atingidas, mas vamos de tragédia em tragédia lamentando o que não foi feito. O Brasil anda sem GPS, sem plano e sem memória, ao sabor das estratégias para manutenção do poder. Vemos o prefeito do Rio, Eduardo Paes, dar nota zero à sua administração como se estivesse em campanha de oposição e o de Niterói, Jorge Roberto Silveira, confessar que sabia que famílias moravam sobre um lixão e nada fez para retirá-las. E tudo fica por assim dizer. Há sempre três culpados: Deus, ou a natureza; as administrações passadas ou a herança maldita; e a população ou os que levam suas famílias à áreas de risco, como se estúpidos fossem. Infelizmente, outras calamidades virão, é forçoso dizer.

Assim como projetos irresponsáveis ou descabidos. Três exemplos, apenas? O Maracanã receberá quase 600 milhões de reais para outra reforma, a lei do Peu de Vargens liberou edificações em terrenos alagados e o trem-bala custará o equivalente a 400 quilômetros de metrô no Rio e em São Paulo.

Mas é bom não falar em metrô agora, outra calamidade. O Brasil é imenso e rico, mas não inesgotável.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Chuva II

Que coisa!!!
Trinta dias depois do meu último post, a chuva, nossa velha conhecida, pára de novo a zona norte da cidade.
Tá bem, já sei, choveu mais em uma hora do que todo o previsto para o mês, porém, desta vez descobri que as câmeras da CET - Rio (Comp. de Engarrafamentos de Trânsito - Rio) não funcionan quando chove forte. Tentei diversas vezes acesso ao site e não consegui. Será que é de propósito ou por incopetência?
Sei apenas que continuamos com nossos velhos problemas sem uma nova solução qualquer.
E toma desculpa sem resultado.

domingo, 7 de março de 2010

Chuva

Ufa, é o que posso dizer ao chegar em casa à meia noite, depois de ter saído as 18h e 30min. de Botafogo. Normalmente levo cerca de 30min para fazer o mesmo percurso.
Só que choveu a chuva de sempre do mês de março e a cidade como sempre no mês de março sucumbiu.
Dirá nosso prefeito, compungidamente, que: "a cidade resistiu bem e foram situações pontuais". Resposta esta muito afinada com o discurso ora vigente.
E, assim, seguiremos torcendo para não nos afogarmos, enquanto nossos governantes posam com suas celebridades, com suas notas de êxito, sem se incomodar com o resto , pois, se isto lhes afetasse, certamente não estaríamos mais uma vez nesta situação.
Um abraço.
Wilson Pessanha

terça-feira, 2 de março de 2010

Trinta e cinco anos para ser feliz

Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos. Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo? Não sei. Mas gostei do resultado.
A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.
Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 30 e sua vizinhança.
Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem: depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste. Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.
Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.
Outubro de 1998
Martha Medeiros
"Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima.
Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar"
Martha Medeiros

Pessoas

Atualmente as principais escolas de gestão apontam para a necessidade de se valorizar as pessoas como forma de obter sucesso.
Minha experiência profissional, me leva a concordar plenamente.
O trabalhador precisa ser visto como ser humano e ter atendido outros desejos que não apenas o financeiro, sem esquecer este, claro. As pessoas desejam ser ouvidas, terem suas ideias avaliadas e se adequadas vê-las discutidas e implementadas, serem chamadas para se aprimorar, terem a oportunidade de se reciclar ou seja elas querem na maior parte das vezes é evoluir!
Portanto, se trabalhas com um grupo, olhe para ele com atenção e respeito e a maior parte dos problemas de sua equipe serão solucionados.
Um abraço.

Wilson Pessanha.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Só de Sacanagem

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam
entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo
duramente para educar os meninos mais pobres que eu,
para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus
pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e
eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança
vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperançavai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz,
mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros
venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples,
regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos
que os precederam:
"Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha"," Esse apontador não é seu, minha filhinha".
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar
e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste:
esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo,
com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão:
"Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba"
e eu vou dizer:
Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo
a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão:
"É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desdeo primeiro homem que veio de Portugal".
Eu direi:
Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram?
IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo,
mas se a gente quiser,
vai dá para mudar o final!

Elisa Lucinda

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Um plano genial!

Joaquim Rebolão estava desempregado e lutava com grandes dificuldades para se manter. A sua situação ainda mais se agravava pelo fato de ter que dar assistência a um filho, rapaz inexperiente que também estava no desvio.
Joaquim Rebolão, porém, defendia-se como um autêntico leão da Núbia, neste deserto de homens e idéias.
O seu cérebro, torturado pela miséria, era fértil e brilhante, engendrando planos verdadeiramente geniais, graça; aos quais sempre se saía galhardamente das aperturas diárias com que o destino cruel o torturava.
Naquele dia, o seu grude já estava garantido. Recebera convite para um banquete de cerimônia, em homenagem a um alto figurão que estava necessitando de claque. Mas o nosso herói não estava satisfeito, porque não conseguira um convite para o filho.
À hora marcada, porém, Rebolão, acompanhado do rapaz, dirige-se para o salão, onde se celebraria a cerimônia. Antes de penetrar no recinto, diz a seu filho faminto:
— Fica firme aqui na porta um momento, porque preciso dar um jeito a fim de que tu também tomes parte no festim. Já estavam todos os convidados sentados nos respectivos lugares, na grande mesa em forma de ferradura, quando, ao começar o bródio, Rebolão se levanta .e exclama:
— Senhores, em vista da ausência do Sr. Vigário nesta festa, tomo a liberdade de benzer a mesa. Em nome do Padre e do Espírito Santo!
— E o filho? — perguntou-lhe um dos convivas.
— Está na porta — responde prontamente. E, voltando-se para o rapaz, ordena, autoritário e enérgico:
— Entra de uma vez, menino! Não vês que estes senhores te estão chamando?


Extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”, Editora Record – Rio de Janeiro, 1985, pág. 40, organização de Afonso Félix de Souza.

Cariocas

Hoje, fui dar uma volta no centro e acompanhar o bloco Cordão do Boitatá.
Fiquei muito satisfeito de ver tanta gente reunida, logo de manhã cedo para se divertir de forma simples e bem humorada e ver como podemos ainda conviver sem agressões ou medos terríveis dos que estão ao nosso lado.
Assim como este País, que foi gerado na mestiçagem de suas pessoas, acredito que é na participação das pessoas, juntas, misturadas, de forma espontânea como em um bloco de carnaval, que reside grande parte da força de mudança para um futuro melhor.
O encontro de hoje, se deu na mesma cidade que tanto medo nos dá nos noticiários, que tanto faz prosperar os arautos do olho por olho e que nos afasta uns dos outros.
O Rio merece mais cuidados, seu povo merece mais carinho e atenção, mas é ele quem vai ter de cobrar isto de si mesmo e de suas autoridades, pois um povo que se reúne e se diverte como vi é capaz de ter algo melhor.
Ótimo carnaval para todos!!!!!!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Dá para entender?

Vejam só a notícia que saiu no Valor on line:

"PT, PSDB e DEM se unem contra resolução do TSE que identifica doadores".

Dá para entender tal união?!?! DEM e PSDB vivem sem rumo, dando pancada a esmo no PT e no governo, e o PT, que já faz muito tempo deixou cair o véu, não se faz de rogado em compartilhar do apoio a tão nobre causa.
E qual é a causa? manter escondido quem doa para quem e imagino, principalmente, o quanto é doado para "campanha" do nobre candidato.
E assim, eles querem nos fazer crer que são rivais, que falam sempre pelo bem da nação e que um é melhor do que o outro.
Senhores deputados, senadores e demais candidatos, por favor, apesar de muitos dos senhores não se darem ao respeito, eu peço que não nos amolem com mais este vexame, pois não imagino argumento para justificar tal atitude.

Ver em:http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2010/02/04/pt+psdb+e+dem+se+unem+contra+resolucao+do+tse+que+identifica+doadores+9388040.html

sábado, 30 de janeiro de 2010

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.


Cecília Meireles.

Bom fim de semana para todos!!!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Perpectiva III

Vejam só como ainda temos de andar.
O INEP divulgou que 57% dos candidatos do ENEM deste ano não atingiram a média estabelecida para prova de matemática.

Perpectiva II

A fala do diretor da Petrobrás, anima e da esperança, mas não podemos esquecer dos muitos problemas que nos assolam e que precisam ser resolvidos o quanto antes se quisermos, de fato, crescer tudo o que podemos. Para tanto é preciso:
- Tornar a educação de qualidade, de alta qualidade, um fato real para todos;
- Tornar o acesso a saúde uma realiade;
- Tornar o combate a corrupção uma prática efetiva e de fácil controle pela sociedade;
- Tratar o problema da pobreza não apenas pelo lado do consumo, mas pela lógica da inserção social de forma produtiva, através do trabalho e da possibilidade de acesso a educação, saúde e cidadania;
- Agir de forma urgente contra todas as formas de violência;
- Tornar a justiça algo fácil e simples de se compreender, fazendo com que todos possamos ter acesso a ela e nela sermos igualmente tratados
- Fazer política sem bravatas e mentiras (talvez o mais difícil), recuperando ou criando um espaço civilizado para a resolução dos nossos problemas como Nação.
Podem achar tudo isto óbvio, mas sem este óbvio não avançaremos.
Um abraço.

Perpectivas

No dia 27/01, na Capela Ecumênica da UERJ, o diretor de exploração e produção da Petrobrás, sr. Guilherme Estrella, fez colocações verdadeiramente animadoras.
Ele iniciou afirmando que o Brasil está em um momento diferenciado, qualificado, dando ao país uma nova condição no cenário mundial. E um dos fatos que motiva isto, hoje, é a nossa capacidade de responder as necessidades enegéticas em um futuro próximo, entrando neste contexto a descoberta do pré sal.
Algumas de suas afirmativas importantes:
- O mundo ainda vai depender e muito do petróleo para funcionar;
- O consumo energético do mundo deve aumentar, até 2030, em 40%;
- O consumo brasileiro para o período deve ter um aumento de 120%;
- Toda a discussão sobre o pré sal é muito maior do que aparece, pois envolve estratégia de Estado, já que o mundo está chegando ao limite das fronteiras de descoberta, exploração e produção de petróleo.
Outro ponto importante, foi a afirmativa de não haver barreira tecnológica para exploração do pré sal, falta, segundo ele: " aprimorar e baratear as tecnologias existentes". Para isto, é preciso investir em pesquisa e desenvolvimento, trabalho este que pode ser realizado em parceria com as universidades.
Um abraço a todos.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Ano Novo

Saudações!!!
Estive viajando e tive a oportunidade de visitar Porto Seguro e arredores, onde já não ia desde 1995.
Muita coisa mudou, espaços urbanizados, calçamento na charmosa Arraial D' Ajuda com a presença de um sofisticado comércio de alimentos e vestuário, neste outrora simples lugarejo.
Trancoso, também urbanizada, traz uma sofisticação leve junto com seu charme de lugar do interior. Lá, pude participar da festa de São Sebastião, padroeiro da localidade, quando então conheci um samba de raiz, chamado de "Samba dos Velhos" que entoado e tocado em uma roda de batuqueiros e cantadores revela um inusitado encanto. A praia segue como sempre: quente, linda e imperdível.
Apesar destas e outras tantas coisas boas, vi com preocupação a forte expansão da plantação de eucaliptos no sul da Bahia, a informação da falta de chuvas na região nos últimos três meses, falhas na urbanização local (Arraial não possui rede pluvial) e o relato de alguns hoteleiros sobre a diminuição do turismo na região, apesar da forte expansão imobiliária.
Ainda assim, vale a pena ir até lá tomar um açaí e jantar em um dos restaurantes da rua Mucugê em Arraial, comer uma pizza na pizzaria Maluco Beleza em Trancoso e passear sem compromisso pelos muitos locais deste belo canto do Brasil.
Um abraço.

Na 1ª foto acima, temos o Monte Pascoal visto da BR 101 e nas a seguir, a roda do "Samba dos Velhos" na casa da Festa de Trancoso e ao ar livre, no "Quadrado", durante as comemorações de São Sebastião

domingo, 3 de janeiro de 2010

Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida.


Carlos Drummond de Andrade

AS SEM-RAZÕES DO AMOR

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,

é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Carlos Drummond de Andrade