terça-feira, 2 de novembro de 2010

Eleição 2010

A eleição de Dilma Roussef, traz a possibilidade de várias reflexões, sobre os fenômenos sociais, políticos e econômicos que envolveram este momento singular de nossa história.
Certamente não tenho a pretensão de analisar estes pontos, mas me permito algumas opiniões, são elas:
- O presidente Lula é um ser político como nunca se viu, governar como governou, durante 8 anos, sendo caçado, sendo traído, deixando talvez de ver o que deveria ser visto e ainda assim sair fazendo sua sucessora, é extraordinário.
- Sair com 83% de aprovação, não é, como afirmam seus detratores, algo para quem errou tudo e nada fez ao longo de todo um mandato ou para quem apenas deu continuidade a um projeto anterior.
- O Brasil, apesar do muito que precisa ser feito, não é o mesmo de dez anos atrás, evoluiu, cresceu e possui concretas chances de continuar crescendo e a eleição da presidenta Dilma é uma parte deste amadurecimento, independente do resultado futuro de seu governo.
- Contudo, este amadurecimento não significa o fim do preconceito, da visão estreita que prefere negar a ter o trabalho de avaliar, da prática de desqualificar para justificar, da mesquinha retórica do primeiro eu, depois ..., problema de vocês.
- O governo Lula foi responsável sim, pela saída de milhões da miséria, pela saída de milhões da pobreza e isto contribuiu sim para a vitória de Dilma. Mas como poderia ser diferente?
- Avançamos, pois apesar do Ministro Gilmar Mendes, a lei da Ficha Limpa foi aplicada e muitos fichas sujas já estão buscando outras formas de viver e está foi uma lei, para os esquecidos, desenvolvida com forte base popular.
- O Brasil ainda sofre com a famosa "Síndrome do Cachorro Vira Lata", onde um dos sintomas é não reconhecer em si suas próprias qualidades, isto cabe apenas aos outros. Digo isto pois ainda não esfriou a eleição e jornais, comentaristas, blogs e outros veículos de comunicação já estão a desqualificar a presidenta, afirmando que será um governo apoiado no Lula e com a volta certa de seu criador em 2014. Será que realmente não sabemos escolher uma pessoa com competência para governar nosso país, a tal ponto que a eleita irá precisar obrigatoriamente de um tutor?
- Esta eleição foi uma prova da visão turva que a oposição tem do Brasil. Apelar para o sectarismo religioso, ressuscitar grupos quase esquecidos como a TFP e outros é jogar poeira e atraso em nossas já tão complicadas vidas.
- A presidenta Dilma certamente ganhou com seus méritos, mas contou com a preciosa ajuda de seus adversários, verdadeiros trapalhões, que desde a escolha do candidato até a escolha do seu vice só se enrolaram. Quem pode conceber um vice imposto de forma tão grosseira como foi o caso do Índio da Costa? Estão lembrados?
- A ajuda da oposição pode ser medida, em parte, por uma declaração do ex presidente Fernando Henrique numa entrevista ao jornal Folha de São Paulo, onde diz que não dará mais aval para um partido que não sabe defender suas ações quando era governo. Dê fato, algumas privatizações foram vitais para o Brasil naquele momento, mas o PSDB nunca conseguiu argumentar ou defender isto de forma clara no passado muito menos agora nesta eleição, assim, desunião mais falta de convicção é igual a ponto para Lula e Dilma.
- A eleição foi decidida pela economia, não apenas pela adotada nos altos gabinetes, mas a baseada nos programas de distribuição de renda, que fez com que uma gama enorme de nordestinos, nortistas e outros tantos brasileiros pudesem dinamizar suas economias locais, gerando renda em seus municípios longínquos, mobilizando suas pequenas riquezas, tornando assim, suas vidas um pouco melhor. E não adianta dizer que foi por causa desta "esmola" que a Dilma ganhou, foi pela dinâmica que este repasse gerou no país como um todo e porque nos últimos anos este Brasil foi de fato visto.
- Fica claro também que ainda temos muito que caminhar na busca de relações mais honestas na gestão pública e na profissionalização dos serviços públicos.
- Fica evidente que precisamos sair apenas da meta de atingir o consumo como progresso, que devemos aprimorar nossas instituições, que precisamos aprofundar reformas na educação para que ela de fato qualifique e insira as pessoas na sociedade, que a saúde para todos deixe de ser um fato para poucos e que a impunidade deixe de ser uma possibilidade real e passe a ser um realidade distante.

Não me estenderei mais, estou satisfeito com o momento histórico que vivo, acredito na melhora e dou um crédito a futura presidenta, pela conquista que obteve e pelo passado que a apoia. Espero que sua tão falada austeridade seja devidamente utilizada para o bem deste país rico, de povo simples e nobre ao mesmo tempo.

Um abraço.

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Wilson Pessanha