domingo, 3 de julho de 2011

João Ubaldo Ribeiro: Vida de Escritor

O texto abaixo é  parte da crônica publicada hoje por João Ubaldo Ribeiro no site do Jornal o Estado de São Paulo.
Vale a leitura inteira deste texto intitulado Vida de Escritor ( http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110703/not_imp739964,0.php ), mas até lá aproveitem esta parte muito interessante.


"O brasileiro que se meter a discutir problemas literários, digamos, universais não obterá a atenção de ninguém. Se aparecer um filósofo brasileiro, vão achar que é uma aberração. E isso acontece também em outras áreas. Balé brasileiro tem que basear-se em danças de origem africana ou indígena, com música percussiva e, se possível, gente pelada no palco. Para balé moderno brasileiro, torcem o nariz, assim como para qualquer manifestação de áreas vistas como ilegítimas para nós. E, sim, respondemos sempre a perguntas sobre identidade nacional - eles lá mudando de país e povo na mera travessia de uma rua e nós aqui, com bem mais território que a Europa ocidental e tudo quanto é tipo de gente misturada, falando a mesma língua e se considerando o mesmo povo. Muitos não se conformam, saem resmungando das palestras e elaboram teorias complexas, mostrando cisões de todos os tipos no povo brasileiro, as quais não percebemos nem quando muito explicadas por eles.
Os escritores africanos partilham conosco certos problemas. Talvez ainda em maior escala do que nós, são rotulados simplesmente de "literatura africana". Tenho vários amigos em vários países africanos, que não aguentam mais serem escritores africanos, metidos no mesmo barco que todos os originários de nações negras. A identidade de uma nação como essas não é vista por sua história, sua língua, sua religião, seus costumes, sua cultura, enfim, mas, sim, através da estéril, pobre e equivocada ótica racial - são todos negros, logo são iguais, onde haver mais igualdade do que nisso?"

Um abraço.

Um comentário:

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Wilson Pessanha